quinta-feira, 29 de março de 2012

vidente

Como um vidente, eu olho dentro de seus olhos
E se eu observásse-os durante mil dias e noites
ainda assim teria algo secreto, ali,
que me assuta, me empurra, fascina e encanta.
A luz do sol bate morna nos rostos,
e sem jeito algum
tento segurar sua mão, sem direito
saber a resposta disso.
Leio meus pensamentos - dobram numa direção
oposta a que eu quero acreditar: continuo andando
sem olhar para trás,
segurando um pouco mais forte os passos
segurando alguma esperança de dizer o que ainda sinto.

terça-feira, 20 de março de 2012

amor como dinamite

Nós corremos tão rápidos para nos afastar
dos escombros - imploda meu coração,
enterre-o naquele velho outono, frio e cheio de cinzas.
Admito para mim mesmo
que me enganei, mas sem remorso algum nisso.
Ruínas permanecem para sabermos das brigas, nas quais
não existem lágrima sem pureza,
nem amores sem destruição.

quarta-feira, 14 de março de 2012

amarrando o sapato

Enquanto observava você caminhar regularmente,

em direção a algo além, eu insistia numa espiral;

E quando achava estar já longe, com uma boa bagagem de vida,

reparei em lugares comuns, rasos, lá do começo (ou bem próximo a ele).

Tem coisas que duram por longos tempos, não importa o quanto andamos:

No meio dos corações partidos ainda há alguma coisa morna,

alguma coisa errada, alguma contaminosa e suja.

sábado, 10 de março de 2012

Manhãs buscadas lá fora

Durante algum tempo busquei interpretar tudo

como se fosse uma noite escura.

Seus sentimentos, que de algum modo

você quis que chegassem ao meu saber,

é claro que me faziam mal, mas logo haveria o momento de clarear.

Abrir a janela

e sorrir com luz do Sol que ofusca a vista,

esquenta os ossos e trás a calma.

O Sol se derrama à dento

lembrando o mar para mim,

lava minhas sujeiras e salva da solidão.

Abrir a janela é convidar ao que está ali fora

entrar e nos mudar - exposto a noite escura,

só procurava pensar que estava próximo de chegar

a próxima aurora.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Pote de açucar.

Nos últimos anos estive guardando
algumas espécies de sentimentos,
e quando eu os te entreguei, para que você os usou?
Em relação a minha vida interna, não foi um disperdício.
Mas os grãos demorarei ainda algum tempo
para juntá-los novamente.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Mexer com fogo

Eu deveria ter aprendido ler sinais
pois sempre haviam em nossas conversas.
As vezes partiam de meus olhos
e iam em direção a sua boca.

Ai então você aproxima seu rosto do meu,
e aqueles 50 milhões de Volts
percorrem meu corpo, e fico paralisado.
Eu deveria ter apendido ler sinais.

Sei de longe que não foi tudo errado
apenas ronda em minha cabeça:
- é para encanar ou não?