domingo, 27 de abril de 2014

Dama de Outono

Novamente sozinho deito em meu leito,
ouço o sussurro do som ao fundo
e me preparo para o esquecimento: tento dormir e não consigo,
pois em cada parte da superfície de minhas mãos
encontra-se a leveza de teu rosto
e o perfume de seus cabelos – fecho os olhos e me forço
a não pensar mais em ti por hoje,
mas mesmo assim permanece cravada em minhas lembranças.
Você que tem tomado todos meus sentimentos,
aonde os guardou nessa noite fria de outono?
Viro-me de lado para o esquecimento: tento dormir e não consigo.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Decifra-me ou devoro-te.

Porque seus olhos sempre me convidam
à ficar um pouco mais,
mesmo sabendo que não posso?
Mais um dia me atrasarei para o serviço
sabendo que ficará deitada, e se virará de lado
na cama desarrumada, tendo mil pensamentos
e em quase nenhum deles eu estarei presente, com certeza.
Gravo o quanto consigo seu olhar indecifrável
e sigo para mais um dia que nasceu sem eu perceber.

terça-feira, 1 de abril de 2014

pelas vias departamentais.

Em toda suas chances você lança
seu charme, mas se rubra tímida ao meu olhar:
rogo então aos regimes burocráticos de horários,
que sempre nos fazem topar em corredores departamentais.
No entanto, você, misteriosamente
foge feita uma felina pelas noites,
e raramente escolhe uma para mim.
Não é que não me seja o bastante esses instantes decisivos,
mas me corrompe a incerteza de te ter ainda amanha ou nunca mais.