domingo, 28 de julho de 2013

Velha Condição

Não me importo se sofro mais ou não,
pois corações partidos não se recuperam facilmente
como risos que fingimos para as pessoas a nossa volta.
Traço novos planos, procurando me manter calmo,
como todos dizem aos novatos nesta situação.
No entanto, a maior parte do tempo eu ando em círculos sozinho,
perdido em meus pensamentos mais íntimos
repleto de nossas antigas conversas
me esquivando o quanto posso da culpa que cobra seu amargo preço
ou então vestindo disfarces de outros mil personagens que construi
para levar os dias a passos lentos como nesses últimos tempos.
Vejo seu rosto num retrato e me lembro
de quanto amor tive por ti, e mais do que nunca
me deparo com a velha condição ingrata
de que nem tudo está ao nosso alcance
e me lembro que nunca daria certo nossos caminhos
de vício e virtude, tão separados como sua luz tão pálida
em meus becos sempre escuros.

sábado, 20 de julho de 2013

Penhasco

Você me olhou com seus olhos doces
de menina semi-decidida, sempre tão mais madura que eu.
O vento lá fora, não tão frio para um inverno,
foi o único a ouvir aquele amargo diálogo
sobre corações e sonhos quebrados.
Agora, cercado dos enganos de minha vida dupla
e tantas palavras mal ditas,
quase não sinto mais meu corpo,
que se desfaz pelas memórias:
A ilusão dos dias de ouro que nunca existiram.
Assim, entre as lágrimas,
as taças de cristais brindam nossa ruína
e cintilam como tochas nesse céu em chamas
desse momento mais escuro.