quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Última Cruz

Demorei demais pra perceber
que os amores à moda antiga pouco se tem de carinho
e de palavras também.
Teu sentimento por mim era o mais belo,
mas vestido de dureza
versado em coerção
e sutil como um silêncio.
Embora perto do fim, cruzam-se nossos olhares agora
como o céu e o oceano,
e essa é nossa última cruz - pesa sobre nós de modo incisivo
com uma força nua e íntima,
e mesmo nos machucando pelo caminho, e este parecendo tão longo e difícil,
meus passos sempre serão guiados pelas memórias dos seus sorrisos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Expediente

Recolho-me para minha vida modesta
de dormir a hora que quiserem
e acordar o mais cedo possível, pois
amanhã o dia me perseguirá e me cobrará respostas
me perguntará por onde andei, já que tenho tanto sono.
Lembrarei prontamente que estava contigo
em teus braços e boca, pernas e rosto,
e que esqueci do dia seguinte por algum tempo.
Então, se alguém se enfurecer sem minha afirmativa,
novamente dissimulado serei,
expresso um bocejo, e digo que uma gripe me acomete.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Mesmos caminhos nunca nos levam aos mesmos lugares

Ainda depois de tanto tempo depois da estrada,
quieto e intimo em mim
sorrio sozinho, ainda que com o coração vazio.
Sempre que somos sinceros, uma parte nossas vidas
fica compartilha com o confidente.
Me viro no cama, num quarto isento de sentidos
de uma vida nublada por tantas incertezas.
Mesmos caminhos nunca nos levam aos mesmos lugares:
preservo você em mim, como feixes de luz no raiar de um dia bom
ou então alguns momentos nossos, como relâmpagos na noite escura
tão claros quanto meu sorriso pertence à mesma matéria
feita de teus jeitos e olhares, furtivos a me espreitar
e que subitamente me fascinaram e me fazem querer estar contigo.
O preço de teu riso se torna caro, menina mulher;
O quê da próxima vez terei de deixar como penhor?