Ponho na mesa prato pra três, pois
servirá
à mim, à você e às nossas mentiras.
Vem-me algumas lembranças
desbotadas
pelos pequenos arrependimentos,
que mesmo na curva dos dias
jamais se apagam por completo e me
fazem ainda levar
a alcunha malévola de um traidor.
Conjurávamos palavras de peso,
sobre coisas eternas
e que manteriam pleno nossos
corações – quanta ingenuidade
acharmos que nesse vasto mundo,
onde tudo é corruptível,
somente nossas paixões sairiam ilesas.
Não abnego convictamente de meus sentimentos,
apenas não sei, entre tantas
ruínas, como construí-los novamente.
Olhando a mesa posta, inquieto
demais,
espero o canto de uma nova
sereia;
que me enfeitice, me faça
novamente crer em ilusões
e subitamente me consuma.