segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Café com adoçante.

Meu gosto é doce, mas artificial
de final azedo
como as coisas que mais cedo ou tarde
se despedaçam pelas vias que se vão:
Tramas de palavras brandas, mas de má vontade sem fim.
Quem fui esse tempo todo?
Somente se cura o amargor de peito
com as carícias de uma boca - sobram-nos ao menos os começos
que permanecem leves ainda em nossos desejos.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Solstício

Mesmo sem folego tento cantar para ti
e assovio uma velha canção dos homens sem donos .
Arrisco acariciar seu rosto enquanto a relva negra pela noite
espalma nossos corpos juntos, que se deitam sobre ela.
Então a menina uiva para a lua e encanta o semi-cão;
De vida áspera e desiludida,
sobram juntos os dois, que já se esqueceram do gosto da vitória.

sábado, 14 de dezembro de 2013

Boêmica

Meu tabaco queimado e algum degelo no fundo do copo
denunciam minha imensa ansiedade;
vasto mundo selvagem, desmesurado nas cobranças:
sempre tantas virtudes e bons modos de agir.
Visto minha melhor fantasia e te encaro de frente
gosto desse seu sorriso mentiroso, você nunca soube disfarçar também.
O dia nasce e a soma de garrafas crescem sobre a mesa
- Nunca pretendemos mesmo parar tão cedo.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Mirador.

Eu observo esses seus olhos grandes
que admiram à distância um lugar próprio:
Um tanto de histórias que nem faço ideia,
e estão logo aí - bem atrás dessas lentes.
Impregno-me com seu perfume, que ficará em minha roupa
cabelo, barba e pele; buscando ficar com alguma pequena parte de ti.
Capturo como posso o instante
em que os corações trevosos
são espiados pela noite escura lá fora.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Canção de Biblioteca

Entre os corredores de livros
nossos olhares sempre nos pedem para se cruzar.
Você toma seu lugar em minha mesa
enquanto eu planejo conversar contigo:
Envolto nessas fileiras
que narram tantos distintos conceitos;
só busco corresponder, sorrateiramente,
um sorriso para você.